No mês mais longo do ano, trago aqui duas resenhas, uma de um Pokemon com crianças, outra de bad boys do além, nas resenhas de Agosto de 2023.
Gash Bell - Volume 1:
Começando com um título que foi uma grande surpresa para mim: Gatch Bell.
Para quem não conhece Gash Bell - ou Zatch Bell como ficou conhecido aqui no Brasil por conta do anime, segue aqui um rápido resumo: Kiyomaro é um adolescente super dotado e antissocial que vê sua vida virar de ponta cabeça com a chegada de Gatch Bell, um estranho garoto com poderes, enviado por seu pai para ajudar o filho a se tornar sociável. O que nenhum dos dois sabem, porém, é que Gatch é um mamodo (um tipo de demônio, a grosso modo) que, assim como várias outras crianças, foi enviado para a terra para participar da batalha que decidirá quem será o Rei do Mundo dos Demônios.
E como todo bom shonen, a única forma de se resolver isso é saindo na porrada indiscriminadamente.
Algumas coisas que me chamaram muito a atenção durante a leitura de Gash Bell, foram o humor, a arte, e a dinâmica dos protagonistas.
Começando pelo humor, o mangá consegue ser uma leitura bem leve e divertida, especialmente divertida graças à caracterização de Gash. O autor da série, Makoto Raiku , conseguiu criar um protagonista infantil que realmente age como uma criança, tanto nas picuinhas quanto nos delírios e mudanças repentinas de humor do protagonista, e isso deixa a história muito divertida ( em particular quando começa eterna rixa de Gash com Naomi, a "menina má"). Não só isso, a própria dinâmica entre o menino demônio e Kyomaro, mais sério e sem paciência como todo bom adolescente, também gera ótimas situações cômicas.
No entanto, Gash Bell também possuí uma dose de drama muito bem executada. Nesses momentos, conseguimos não só entender um pouco melhor a solidão de Kyomaro, como acompanhar a reinserção desse outrora recluso na sociedade, tudo isso graças à entrada de Gash na sua vida. Mais do que isso, será a própria criança demônio quem protagonizará os episódios mais marcantes - e pesados - desse volume 1, seja com a descoberta de que sua verdadeira natureza, seja através do momento de reflexão onde todos os envolvidos percebem o quão cruel é a disputa pelo trono de Rei dos Demônios - sendo esse um dos pontos altos desse volume 1.
Quanto à arte, bem, talvez esse seja um dos poucos pontos que eu teria a reclamar do mangá, visto que, pelo menos nesse Volume 1, ela é bem inconstante, beirando em certos momentos o nível de um Rob Liefield, com rostos perdendo queixos e outras bizarrices anatômicas, ainda que, na maior parte do tempo, ela segure bem.
Um outro ponto de elogio é a belíssima edição produzida pela Editora MPEG, uma editora iniciante no mercado brasileiro, que traz um dos volumes mais lindos que já vi em muito tempo e com uma tradução que casa muito bem com o humor da série.
Em resumo, Gash Bell consegue ser uma leitura bem leve e divertida, especialmente divertida, sendo uma das descobertas desse ano de 2023.
Nota: 4 de 5
E caso queira descobrir o mundo de Gash Bell, você pode fazê-lo por aqui:
Yu Yu Hakusho:
Agora, chegamos em um ponto que sempre acho complicado de se fazer resenhas: os clássicos.
E que clássico!
Imortalizado pela dublagem da saudosa TV Manchete, Yu Yu Hakusho, do grande Yoshihiro Togashi, está sendo relançado pela Editora JBC. Para quem não conhece, o que acho difícil, segue abaixo uma breven sinopse do mangá:
Quando o delinquente juvenil Yusuke Urameshi decide realizar uma boa ação, é recompensado com um atropelamento e a descoberta de que seu gesto foi inútil: afinal, de acordo com Botan, uma shinigami, espírito que guia as almas para o outro mundo, a criança salva não iria morrer, de modo que a boa ação do protagonista foi em vão. No entanto, uma vez que ele também não estava agendado para morrer, o outro mundo decide dar uma outra chance para que ele retorne ao mundo dos vivos, dando início a série Yu Yu Hakusho.
Nesse volume 1, somos apresentados a história e ao elenco principal da série. E já aqui começam as diferenças entre o anime e o mangá, visto que aqui, a ressurreição de Yusuke é um pouco mais demorada, permitindo que o jovem tenha algumas aventuras no mundo espiritual.
Essas histórias, que envolvem um cachorro as portas da morte preocupado com seu dono,, um guaxinim que deseja retribuir uma ajuda e uma fantasma abandonada. Todas auto contidas, esses causos apresentam um panorama do universo sobrenatural em que Urameshi se encontra, em histórias bem melancólicas que acompanham seus participantes naquele que talvez seja o mais desafiador dos momentos humanos: a transição entre a vida e a morte e a despedida de entes queridos.
Além do foco nos participantes, essas pequenas aventuras no além permitem que também conheçamos um pouco melhor o protagonista, que se revela muito mais nuançado que um bad boy padrão.
Da mesma forma, uma vez que possui um ritmo mais lento, o mangá nos permite aprofundar mais na relação entre Urameshi e Keiko, colegas/crushs desde os tempos de infância, de modo que conseguimos entender e sentir com maior peso a tristeza da garota ante o falecimento do amigo.
Por fim, vale ressaltar também a fluidez e a plasticidade no traço de Togashi que, apesar de inserir sua obra em um contexto mais realista, não vê problemas em mudar seu traço e tipo de desenho, migrando para o cartoon, por exemplo, para melhor aproveitar o tom e o clima da cena, reforçando, assim, seu efeito final, como pode ser visto nas belas sequências de humor do mangá.
Recomendo bastante esse aqui.
Nota: 5 de 5
E caso queira descobrir, ou redescobrir, o fantástico mundo de Yu Yu Hakusho, você pode fazê-lo por aqui:
Se você gostou dessa resenha, você poderá gostar dessas aqui:
Resenha: O Incrível Hulk - No Coração do Átomo
Resenhas de Setembro ( I ) - Eu Sou a Lenda
Resenha: Hellspawn - A Série Completa
Resenha - Nonnonba, de Shigeru Mizuki
Resenha de Gash Belll Volume 2
Resenha de Gash Belll Volume 3
Comments