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Resenha: O Menino e a Garça

Atualizado: 8 de abr.

Novo filme de Hayao Miyazaki nos apresenta uma bela reflexão sobre o luto e mortalidade, na obra mais recente dos Studio Ghibli. E sim, teremos spoilers pesados neste texto.


O Menino e a Garça - Detalhe do  pôster

Bem, e aqui estou eu preparando um texto sobre uma área que há um bom tempo não me via envolvido, a resenha de filmes. E, sendo bem sincero, não posso deixar de achar esse acontecimento curioso, até porque, o filme de hoje foi feito por um diretor que, aposentado desde 2013, decidiu retornar de seu merecido descanso para mais uma produção.


Apesar de ter anunciado sua quarta aposentadoria após o filme Vidas ao Vento (風立ちぬ, 2013), o lendário diretor Hayao Miyzaki está de volta em mais uma produção do Studio Ghibli, desta vez com O Menino e a Garça (君たちはどう生きるか,2023). E aqui teremos um ponto importante, que iremos comentar um pouco mais à frente.


Mas primeiro, vamos falar do filme:


Em O Menino e a Garça, somos apresentados à história do menino Mahito que, após perder a mãe em um incêndio provocado pelos bombardeios Aliados, se muda com seu pai para a casa de campo de sua família. Lá, ele é apresentado a sua madrasta Natsuko, irmã mais nova de sua mãe e a nova esposa de seu pai, assim como a uma estranha torre presente na propriedade da família, e que parece ser a base de operações de uma peculiar Garça.


Essa criatura, que a princípio irá rodear Mahito quase como um espectro da morte, irá aos poucos se revelar como um guia/entidade que lhe trará a notícia de que sua mãe ainda vive e espera para ser resgata por ele no interior da torre. E quando o menino se recusa a atender seu chamado, é essa mesma Garça que sequestra sua tia, forçando o jovem em sua jornada pelo curioso mundo que une os vivos e os mortos.


As Velhinhas da Mansão - O Menino e a Garça

Como em todos os filmes de Miyazaki, nunca há uma diferenciação clara entre o que seria real e o que seria fantástico, de modo que esses dois mundos se interpolam, gerando um terceiro mundo em algo que poderíamos considerar como um universo pautado pelo maravilhoso - como já discutimos em um artigo sobre a criação do senso de estranhamento - onde mesmo o trivial, como as velhinhas que trabalham na mansão de Natsuko, assumem um ar de criaturas de contos de fadas, sendo ao mesmo tempo guardiãs da normalidade e participantes do fantástico.


E será tom de maravilha, ao lado da jornada pelo mundo dos mortos, e toda sua carga simbólica, que dará o tom de o Menino e a Garça.


Ou, pelo menos, um dos tons do filme.


Pois, ao lado da jornada de Mahito, temos também a jornada do criador da torre, o tio-avô do jovem que também possuí um arco próprio, ainda que bastante diluído ao longo do filme.


Mas vamos por partes, sim?


A Jornada de Mahito:


Iniciando-se com a perda de sua mãe no incêndio que destruiu o hospital no qual a mesma estava internada, a jornada de Mahito ao longo do filme o conduzirá através de seu próprio processo de luto e ressignificação.


E é aqui que entra aquela questão do título que mencionei acima: pois, O Menino e a Garça é o título que o filme recebeu para o seu lançamento internacional, não o título original da obra em japonês. De fato, se fosse traduzido de modo mais aproximado, teríamos algo como "Como você vive?" (How do you live?, em inglês), uma referência ao romance do autor Genzaburo Yoshino (1899-1981), uma das inspirações de Miyazaki para o filme e que inclusive aparece no filme, que narra a história do adolescente Koperu que passa por uma jornada de amadurecimento enquanto aprende a lidar com o luto e outras emoções que o acompanharão na vida adulta, de modo semelhante à jornada que Mahito empreenderá.


Mahito - o protagonista de O Menino e a Garça

Preso em sua própria tristeza e trauma, o garoto é retirado de seu mundo normal (a cidade), e levado por seu pai para o interior, onde passa a viver na propriedade da família de sua mãe. Mas mais do que apenas uma transição de espaço, essa mudança trará também novos elementos de choque para Mahito, uma vez que ali ele precisará lidar não só com as velhinhas que trabalham na casa, como também com Natsuko, sua tia e agora madrasta.


Por mais que sinta a falta de sua mãe e possa ansiar pelo carinho e conforto de uma figura materna, a mudança abrupta de seu realidade - a mudança de cidade, o casamento recente do pai, o surgimento de uma madrasta, e de um futuro irmão - para além de sua própria dor, impedem que Mahito possa aceitar essa nova pessoa que entra em sua vida. Para piorar, o jovem não pode contar sequer com a presença/mediação de seu pai, que se encontra ausente devido ao seu envolvimento na fabricação de peças de aviões para a indústria militar japonesa - lembre que aqui estamos nos tempos da II Guerra Mundial, último elo de conexão com sua antiga vida.


E é assim que, sozinho e preso em sua própria dor, que o jovem receberá a visita da Garça.


Rondado o jovem desde o primeiro instante de sua chegada na mansão, o animal - que se revelará muito mais do que um simples animal - parece sugerir, a princípio o espectro da própria morte a rondar o personagem, em um cenário bem próximo ao Corvo de Edgar Allan Poe. Essa presença logo será revelada como intencional, uma vez que a Garça se revela como um emissário do mundo da torre, enviado para avisar Mahito de que sua mãe ainda se encontra vida no interior da construção, esperando apenas que o garoto venha para salvá-la.


Não conseguindo acreditar na mensagem da Garça, ou melhor, não querendo acreditar, o garoto procura afastá-la, negando seu chamado e apelo. E, por um tempo, seus esforços são recompensados, pelo menos até o momento em que Natsuko parte para o interior da torre. Apesar de acreditar que se trata de uma armadilha para atraí-lo, o garoto sabe, porém, que não pode deixar Natsuko sozinha, visto a mesma estar grávida e ser, segundo Mahito, alguém muito importante para seu pai.


Adentro na torre ao lado da velha Kiriko, o jovem se depara com a Garça, conseguindo feri-la após um breve confronto que vem a chamar a atenção do Senhor da Torre, que, por sua vez, mandará os dois em uma jornada para encontrar Natsuko.


E é aqui que teremos um dos melhores exemplos do poder de Miyazaki de construir não só mundos, mas também de carregá-los com belos simbolismos e metáforas.


O Menino e a Garça debatem

A torre, conforme apresentada no filme, funciona como uma espécie de ponto de encontro de vários mundos e períodos, sendo uma entidade multidimensional e atemporal. Existindo desde um período longíquo, ela deriva seu poder de um asteróide que permite a existência e união desses mundos, que se encontram separados uns dos outros por cômodos e portas.


A escolha pela figura da torre é uma decisão bem interessante por si só, tendo em vista a gama de significados que a mesma possuí. Num primeiro momento, ela pode representar não só o isolamento, que será uma constante nos personagens que nela entrarão, por exemplo, como também pode representar a jornada de auto-aprendizado pela qual Mahito irá passar. Ao mesmo tempo, seguindo a linha. do tarot, podemos considerar a torre como um prenúncio da inevitabilidade das mudanças que estão por vir, com a destruição do conhecido para que ocorra a construção do novo.


Em comum, todos esses sentidos dialogam com a ideia de mudança e aprendizado que estão por vir ao longo de O Menino e a Garça


Assim como Dante, cuja obra é inclusive citada no filme, sendo uma de suas influências, Mahito também vai realizar uma viagem pelo submundo que se apresentará em 3 partes, onde ele irá se deparar com o mundo dos não nascidos, o mundo atual e, finalmente, terá seu encontro com o deus daquele mundo, o senhor da torre.


Em sua primeira parada, na terra dos não nascidos, Mahito irá se deparar não só com a introdução do conceito de mortalidade, através da grande tumba da primeira ilha, como também, através da feiticeira Kiriko, uma versão mais jovem da velha que o acompanhou até a torre, que não só irá lhe salvar, como também lhe apresentar aos Warawaras, os espíritos daqueles que ainda estão para nascer, e a ameaça constante dos pelicanos.


Apesar da diferença de idade, a Kiriko desse mundo replica o papel de sua contraparte idosa. Pois, ao cuidar dos espíritos daqueles que ainda não nasceram, ela dá continuidade ao seu papel como cuidadora da senhora Natsuko, gestante à espera do nascimento de seu primeiro filho, em um papel. de guarda que é claramente demarcado como pertence ao grupo de velhinhas, que sempre surgem para proteger/cuidar de Mahito ou de sua tia.

Afinal, como idosas, sua experiência de vida lhes concede não só conhecimento, como também familiaridade com relação aos riscos que espreitam as gestantes e às crianças. No caso de Kiriko, esse papel de guardiã é reforçado por seus confrontos com pelicanos que espreitam os Warawaras, sendo as aves um símbolo dos perigos atrelados à gestação e que podem levar à perda da criança.


Também como idosas, seu é o conhecimento acerca da própria mortalidade, sendo as velhas um ponto de contato entre passado e o presente, e entre os vivos e os mortos, o que torna Kiriko um belo ponto inicial para a jornada do garoto em seu processo de luto, como é ilustrado pelo diálogo entre os dois após Mahito perturbar o grande túmulo na ilha, onde podemos ver que a feiticeira parece conhecer não só o lugar, como também a história por trás do mesmo.


Saindo da guarda de Kiriko, o garoto parte com a Garça para o próximo estágio de sua jornada, onde irá se deparar com os Periquitos e com Himi, a jovem que é sua mãe. Enquanto os Periquitos representam a violência e sanha de destruição e consumo do mundo como o conhecemos, em Himi teremos não só o ímpeto da criação, representado pelo fogo, como também a própria paixão de viver.


Himi - O Menino e a Garça

Esse choque que será ressaltado aqui, visto que os caminhos da jovem sempre a colocam de encontro com os planos das aves, representa uma constante que podemos ver ao longo de todo o filme, a saber a visão de Miyazaki de que a vida é o conflito. Longe de ser um juízo de valor, porém, essa visão é mais uma constatação a respeito da alternância e dos choques que sempre existirão no decorrer de toda e qualquer vida, à medida que nossos desejos e anseios se deparam não só com a realidade, mas também com os desejos e anseios do outro, lembrando um pouco a Canção do Tamoio, de Gonçalves Dias (1823-1864):


Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar.

Assim, será entre os choques entre violência e criação, que Mahito procederá até aquele que é um dos pontos mais interessantes do filme, seu encontro com Natsuko na Câmara do Nascimento, local onde ela escolheu se recolher para poder ter seu filho.


Como o próprio nome já diz, a Câmara do Nascimento será o placo onde uma nova relação irá surgir, vinda diretamente do confronto entre Mahito e Natsuko. Pois, apesar de ter seguido até a torre com a intenção de salvar a tia porque ela "é importante para seu pai", será aqui que o garoto irá se deparar, pela primeira vez, com os seus verdadeiros sentimentos. Ainda que queira aceitar o carinho e a a ternura de sua tia/mãe, a dor da perda ainda é forte e viva demais em seu coração. No entanto, será também nessa sala que o garoto irá descobrir o sofrimento de sua própria tia que, além de grávida, sofre com a rejeição de Mahito, que se mantém afastado e distante apesar de todos os seus esforços. Tamanha é a violência das emoções de Natsuko que a sala irá tentar protegê-la expulsando o garoto que, diante da perspectiva de perder aquela nova mãe, finalmente irá aceitar seus próprios sentimentos, abrindo-se para a possibilidade de uma nova vida e seguindo na trilha de seu luto.


No pós-evento desse conflito, seremos conduzidos ao terceiro e último ponto da viagem de Mahito pelo submundo, seu encontro com o Senhor da Torre.


Apesar de aparecer pouco ao longo do filme, essa figura é relativamente importante para o mesmo, visto ser não só o antepassado que construiu a torre, como também o responsável pela criação de todos os mundos nela contidos. Sendo um representante da ordem, o tio-avô se encontra preso em uma busca constante pelo equilíbrio, tentando manter os mundos sob sua responsabilidade em ordem e paz. Uma vez tendo encontrado Mahito, o velho pede que o garoto aceite o cargo de criador de mundos, herdando, assim, a torre e seus mundos, e se dedique à criação de um mundo melhor do que aqueles por ele construído.


Ainda que tentando à princípio, Mahito terminará por recusar o seu papel como sucessor, uma vez que percebe que também nele há o próprio princípio de maldade/falha que irá condenar toda e qualquer criação por ele executada. Com a eventual recusa do menino, a torre e seus mundos tem seu destino selado, uma vez que o Rei dos Periquitos irá tentar tomar o controle para si, violando o contrato estabelecido entre a torre a o seu criador. Mais importante, é aqui que Miyazaki irá nos apresentar um conceito que, por mais básico e simples que seja, muitas vezes tendemos a esquecer: o de que a vida segue conforme bem entende, indiferente aos nossos planos ou tentativas de controle. De fato, a própria destruição da torre irá ecoar essa ideia, mostrando que, assim como disse bem escreveu Robert Burns (1759-1796):


Os planos mais bem elaborados, Seja de ratos ou de homens, Geralmente dão errado, Trazendo dor e sofrimento Ao invés do prêmio desejado.

E como que para reforçar esse tema, vemos, nos momentos finais, Himi se separando de Mahito e se encaminhando para a porta que a devolverá para seu próprio tempo, de modo que ela irá viver sua vida, ter o garoto e finalmente perecer no incêndio. No entanto, longe de estar triste com sua futura morte, a garota se encontra feliz pelas experiências que terá ao longo do caminho, oferecendo, assim, a última peça de aprendizado que o garoto precisará para seguir em frente.


Libertados da torre, Mahito, Natsuko e Kiriko seguem com suas vidas, sob a promessa da Garça de que, em breve, terão se esquecido do que aconteceu na torre, encerrando, assim, o ciclo de luto.


Mas claro, enquanto a jornada de Mahito serviu para que o garoto aprendesse não só a importância de seguir em frente, desapegando-se da sua dor e reaprendendo a viver, existe uma outra jornada que não teve um resultado tão positivo e que, de certa forma, serve como um reflexo negativo da jornada do garoto.


O Tio-Avô - o mestre da torre em O Menino e a Garça

Pois, apesar de seu pouco tempo de tela, é interessante notar como o tio-avô termina funcionando como um reflexo da jornada de Mahito, sendo, como mencionei acima, seu reflexo negativo.


Digo negativo porque, enquanto a jornada do garoto o leva a aprendizado de que é preciso deixar as coisas irem e estar aberto à vida, por mais dolorosa que ela possa ser, o Senhor da Torre segue o caminho contrário. Obcecado com a construção de um mundo perfeito regido pela ordem, o tio-avô se perde em seu próprio projeto, ficando à margem tanto da vida quanto da morte e se prendendo a um ideal que jamais poderá ser plenamente concretizado. De fato, mesmo sua busca por um sucessor nada mais é do que um trabalho fadado ao fracasso, visto que busca apenas perpetuar sua própria obsessão no lugar de um legado.


Assim, andando na contramão do que é apresentado no filme, a jornada do tio-avô apresenta as consequências do que seria se perder em um conceito ou ideal, sendo um aviso das consequências do caminho que Mahito acabou de deixar para trás, reforçando a mensagem de O Menino e a Garça sobre abrir mão dos conceitos e ideias que criamos e aceitar a vida como ela realmente é.


Mas isso, é claro, é apenas uma das formas de se ver a história.


Afinal, como ocorre em toda obra de Miyazaki, os componentes autobiográficos nela inseridos permitem também que vejamos O Menino e a Garça sob uma ótica mais pessoal, seja como um balanço do próprio diretor acerca de seu legado, com a interação com seus parceiros e colaboradores, seja também a respeito dos próprios dilemas e debates que regem o fazer artístico. Tudo isso pautado sempre pela percepção da própria finitude da existência.


Nesse contexto, personagens como a Garça pode ser vista como uma representação de Toshio Suzuki, um dos cofundadores do Studio Ghibli e amigo de Miyazaki, ao passo que o tio-avô pode ser visto como Izao Takahata (1935-2018) outro diretor lendário tido como o responsável pela descoberta de Miyazaki. Sobre esse aspecto, recomendo uma série de críticas e artigos que lidam diretamente com esse aspecto da obra, e de uma forma bem melhor do que eu poderia, e que você pode conferir na sessão de referências deste artigo.


Concluindo:


O Menino e a Garça é uma bela história sobre o luto mas, mais importante do que isso, sobre a própria vida. Através da mente criativa de Miyazaki, o filme nos brinda uma vez mais com os belos universos criados pelo diretor, num banquete visual, narrativo e simbólico que busca não só refletir sobre o próprio senso de finitude da vida, mas também procura nos ensinar um pouco sobre a difícil e complicada arte de como viver.


Sem sombra de dúvidas uma bela experiência.


 

Referências:



Canção do Tamoio, de Gonçalves Dias

What Does the Noble Pelican Symbolize in The Boy and the Heron?

To a Mouse - Robert Burns

The Verge - Surprise: Studio Ghibli’s Hayao Miyazaki has failed to retire a fourth time

"O Menino e a Garça": a arte extraordinária de Miyazaki - Crítica de Isabela Boscov

Explicando O MENINO E A GARÇA e aquele final | Spoiler Talk! - Bilheterama

The Boy and the Heron is an autobiographical reflection by Hayao Miyazaki in the twilight of his life

"The Boy and the Heron" Is Hayao Miyazaki’s Most Personal Film, and One of His Most Collaborative

‘The Boy and the Heron’ Is So Personal, Hayao Miyazaki Needed a Year to Grieve Before Pivoting in a New Direction


 

Se você gostou dessa resenha, você também pode gostar destes textos aqui do site:


A Narrativa Cíclia e os muitos ciclos em One Piece

Um Conto de Dois Godzillas: Diferenças entre as Representações do Godzilla no Japão e nos EUA

Resenha: Nonnonba de Shigeru Mizuki

Resenha: Gash Bell v1. e Yu Yu Hakusho v1.

Resenha: Gash Bell v2


 

Ao longo da resenha, mencionei uma série de livros que apresentam alguma relação com O Menino e a Garça e, caso tenha interesse em adquiri-los, você pode seguir estes links da Amazon. Lembrando que, ao comprar por aqui, você estará dando uma grande ajuda para o site e para a produção de mais conteúdos como este:


A Divina Comédia - Edição Bilíngue

How do You Live? (livro)

Studio Ghibli: The Complete Works (livro)

Hayao Miyazaki (livro)



 

Por fim, se você gostou de O Menino e a Garça, acredito. que você pode gostar também dos filmes O Labirinto do Fauno e Sete Minutos para a Meia-Noite.


Então, fica aí a recomendação : )

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