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Foto do escritorLucas Freitas

O que descobri ao assistir Bleach depois de velho

Atualizado: 5 de abr.

Um breve texto onde trago uma pequena percepção que tive ao assistir Bleach, um dos 3 grandes da Shonen Jump, alguns muitos anos depois de seu lançamento.


Bleach

Bem, como tivemos alguns textos bem longos e intensos ao longo dos últimos meses, decidi fazer algo mais leve dessa vez. E preferencialmente um pouco mais curto.


Mas então, recentemente, comecei a assistir Bleach pela primeira vez. Sim, pela primeira vez. Apesar de já estar em idade de assistir ao anime durante o período inicial de seu lançamento, essa foi uma fase da minha vida onde não tinha saco para animes ou mangás. De fato, apesar de ter acompanhado uma série de animes - como Dragon Ball Z, Yu-Gi-Oh, Pokemon, Digimon e Shaman King - nunca tive uma predileção por esse gênero de animação, fosse por conta do estilo, fosse pela quantidade de gritos, fosse pela grande quantidade de enrolação, ou qualquer outro motivo que não consigo elencar no momento.


Enfim.


Tendo envelhecido e passado a experimentar outras formas de narrativa, transitando agora tanto pelos mercados americanos, quanto europeus e asiáticos, fui convidado por minha namorada a assistir Bleach, um anime que ela acompanhou ainda durante o seu período de lançamento, jornada que estamos empreendendo até o presente momento, e a duras penas graças à saga dos Arrancar ( que parece ser tão longa quanto o deserto do Hueco Mundo).


Para quem não conhece Bleach, vou apresentar aqui um pequeno resumo:


Criado pelo mangaká Tite Kubo, Bleach conta a história de Kurosaki Ichigo, um adolescente que vê sua vida mudar drasticamente quando ajuda Kuchiki Rukia, uma shinigami obtendo poderes que vão colocá-lo no centro de uma série de conflitos entre o mundo dos vivos e o mundo dos espíritos.


O ponto é que, assistindo ao anime uma coisa bem interessante chamou minha atenção: a fidelidade na representação do que é ser adolescente.


Apesar de seu mundo repleto de shinigamis, holllows e outras entidades sobrenaturais, de seus powerups e evoluções constantes (ao ponto de se perderem o impacto mais rápido que as transformações em super-sayajin), Bleach é uma série extremamente fiel no que diz respeito à sua representação dos adolescentes - essas criaturas complexas, irritantes e cheias de emoções conflitantes.


Das bravatas e desafios que surgem da confiança inabalável de Ichigo, aos seus momentos de depressão após a quebra dessa mesma confiança, as próprias transformações pelas quais ele vai passando ao longo da série, retratam bem esse período onde as mudanças e incertezas são sempre tão constantes, e muitas vezes ao ponto de causar desconforto e dor.


Contudo, não é apenas o protagonista que tem esse privilégio dúbio de representar essas criaturas curiosas. Todo o elenco principal traz em si alguma marca do que é ser adolescente. Seja Ishida e seus conflitos com o pai no que diz respeito a seu desejo de seguir sua vida como Quincy versus o caminho almejado por seu genitor, seja Chad em sua busca de pertencer - e proteger - o grupo ao qual pertence, ou, na ponta oposta, Tatsuki, que se vê no papel de testemunha da série de mudanças que, pouco a pouco, vai provocando sua gradual desconexão com seu grupo de amigos. Até mesmo Orihime, talvez uma das personagens mais polarizantes do anime, tem seus momentos, como quando expressa confusão de seus sentimentos em relação ao protagonista, em uma bela cena onde seu sofrimento é magistralmente narrado através dos detalhes que a compõem:


Todo o anime, enfim, é uma representação praticamente perfeita dessa época da vida onde as emoções são sempre intensas e confusas, com as incertezas e dúvidas sempre à nossa espreita e onde, muitas vezes, temos sempre mais perguntas do que respostas.


E, particularmente, esse está sendo um dos grandes pontos positivos do anime, e algo que me fez extremamente feliz ao "descobri-lo" depois de velho. Apesar de ser um shounen , um produto voltado justamente para o perfil demográfico do jovem/adolescente, Bleach é, de longe, o anime que melhor captura o espírito de ser adolescente, oferecendo, em meio às batalhas frenéticas e aos fillers intermináveis, belos momentos como o apresentado acima, onde os personagens podem apenas ser o que realmente são, nos fazendo lembrar - para o bem ou para o mal - de um tempo há muito esquecido.


Bem, acho que por hoje era isso.


E que os deuses me ajudem a terminar esse arco dos Arrancars.



 

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