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  • Foto do escritorLucas Freitas

Falece John Romita Sr., grande lenda dos Quadrinhos

Atualizado: 5 de abr.

Em seus mais de 50 anos de carreira, o artista foi de fundamental importância tanto na história do Homem-Aranha, quanto da própria Marvel


John Romita Sr.
Foto - Reprodução: Twitter

Como já mencionei em outras ocasiões, e provavelmente irei mencionar em várias outras, não sou um grande fã de fazer posts no auge do momento, uma vez que acredito que é preciso um certo tempo para que possamos desenvolver um bom raciocínio para um texto. Particularmente, gosto de esperar pelo menos 1 semana antes de tratar de um assunto, mas ao abrir o Instagram hoje pela manhã recebi uma notícia que não poderia deixar de comentar.


Como você já deve ter visto no título, recebemos hoje a notícia do falecimento de John Romita, também conhecido como John Romita Sr., aos 93 anos de idade.


Tendo iniciado sua carreira ainda nos anos 1940, o artista trabalhou para a DC Comics, Timely Comics (antiga Marvel) e posteriormente na própria Marvel, em uma variedade de gêneros que vão do romance, ao terror, passando pelo western e finalmente os super-heróis.


Na Timely, teve passagem não só nas histórias do Capitão América (1953-1954), como também em diversas publicações de ficção científica, histórias de guerra, terror, westerns e romances - um gênero que hoje, foi praticamente esquecido. Contudo, será na DC Comics que Romita criará sua fama como artista de romances, publicando em revistas como Falling in Love, Girls´ Love Stories, Girl´s Romances e Young Love. Com o declínio do gênero nos anos 1965, porém, o artista retornou a trabalhar como freelancer para o que agora era a Marvel Comics.


Capa da revista Girls Love

Apesar de estar trabalhando com quadrinhos, a intenção de Romita era encontrar um emprego no ramo de publicidade, sendo dissuadido pelo próprio Stan Lee, responsável por trazê-lo em definitivo para dentro da Marvel. Na editora, teve uma breve, porém bastante popular, passagem pelo Demolidor, desenhando as edições 12-19 (1965-1966) do título. Curiosamente, por esse ser seu primeiro trabalho na editora, Romita passou as primeiras 3 edições desenhando sobre os layouts criados por Jack Kirby, enquanto aprendia o estilo da editora - o famoso método Marvel de fazer quadrinhos.


Apesar de ter passado por quase todos os títulos da editora, será em 1966 quando terá seu momento definitivo na editora, ao assumir o título The Amazing Spider-Man, quando as "diferenças criativas" entre Steve Ditko e Stan Lee se tornaram inconciliáveis, culminando na saída de Ditko da série do Homem-Aranha. Romita foi o artista convidado para assumir a arte do Escalador de Paredes, começando, assim, um de seus trabalhos mais memoráveis.


O Universo do Homem-Aranha por John Romita Sr.

De início receoso com essa mudança, ele optou por copiar o estilo de Ditko durante algumas edições, acreditando que a saída do artista do título tinha sido temporária. Quando sua permanência se mostrou definitiva, porém, Romita começou a se valer de seu próprio estilo, criando o que viria a ser a representação clássica do personagem.


Com seu traço, o Homem-Aranha ganhou tamanho e força, saindo do estilo magro e desengonçado de Ditko e ganhou elegância e envergadura de um herói quase kyrbiano. Não só isso, o próprio Peter Parker cresceu, saindo de seu período adolescente e adentrando na vida adulta, com novas camadas do drama que marcaram tão bem o início de sua carreira nas revistas de romance.


Não só isso, Romita será responsável também por cocriar personagens como Rei do Crime, Shocker, Rhino e o Capitão George Stacy, além de finalmente dar um rosto para Mary Jane Watson, em um dos painéis mais icônicos dos quadrinhos:


Mary Jane por John Romita

Mas não foi só a Mary Jane quem ganhou uma cara durante a passagem de Romita à frente do título do Amigão da Vizinhança. Por suas mãos, também foi revelado o grande mistério por trás da identidade do Duende Verde que, iniciado nas páginas de The Amazing Spider-Man v1.#14 (1964), só viria chegar ao fim em The Amazing Spider-Man v1.#39 (1966), com a revelação de que o alter-ego do vilão era ninguém mais, ninguém menos do que Norman Osborn, pai do melhor amigo de Peter.


Duende Verde - Identidade Revelada

Ao todo, Romita foi o responsável por mais de 50 edições da revista The Amazing Spider-Man, principal título do personagem, mais de 100 capas - além de ter trabalhado nas tirinhas de jornal do personagem entre 1977-1980 - tornando-o artista de referência do personagem pelas próximas décadas.


Mas sua trajetória na Marvel não se limitou ao Homem-Aranha, ou aos títulos da editora.


Quando Stan Lee assumiu a posição de presidente da Marvel em 1972, Romita foi promovido ao cargo de diretor de arte em 1973, posição que ocupou até meados dos anos 1980. Assim, foi ele o principal responsável pela identidade visual da editora, assim como pelo design de novos personagens dos anos que se seguirem. Dessa nova leva de personagens, ele estará envolvido em criar e desenvolver os designs de personagens como o Justiceiro, Wolverine, Luke Cage, Mercenário, assim como atualizar designs de personagens já existentes, como no caso da Viúva Negra.



Justiceiro - Design original de John Romita


Também como diretor de arte, Romita comandou um pequeno grupo conhecido como Romita Raiders, nome dado ao grupo do programa de aprendizes da Marvel, iniciado em 1984 por Jim Shooter, e que tinha como função corrigir artes quando os prazos estavam apertados.


Mesmo aposentado, Romita ainda colaborava tanto com a Marvel como com a DC Comics, tendo contribuído com capas, artes e participado, ao lado do filho, o artista John Romita Jr., de uma história especial do Homem-Aranha, na edição 500 de The Amazing Spider-man.


Tendo passado por praticamente todos os setores da indústria, da arte à arte-final, passando pelo design e criação de personagens, John Romita foi, sem sombra de dúvida, um dos maiores artistas a passaram pelo mundo dos quadrinhos norte-americanos, deixando um legado que será apreciado e admirado por anos sem conta.


Fica aqui à minha pequena e mais sincera homenagem à essa grande lenda que se foi.


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