Saindo do ritmo do Aranhaverso, segue uma pequena apresentação sobre Miles Morales, assim como sua origem e uma breve resenha de sua primeira aparição, no arco "Quem é Miles Morales?"
É isso aí, pessoal, hoje vamos falar um pouco sobre o Miles Morales, o jovem que herdou o título de Homem-Aranha da linha Ultimate e que, desde sua criação, em 2011, tem se tornado uma participação constante tanto no Universo Marvel regular quanto em séries, videogames e filmes
Ah, antes de começarmos, gostaria de agradecer a nossa mui ilustre leitora Jaqueline Donin pela sugestão para esse post ; )
Primeira parada - A Linha Ultimate:
Para começarmos a falar sobre o Miles, é preciso falar um pouco mais sobre o que foi o Universo Ultimate da Marvel.
Criada no começo dos anos 2000 quando o mercado editorial de quadrinhos ainda estava se recuperando da implosão pós-boom especulativo dos anos 1990, essa linha editorial partiu de dois princípios simples: o primeiro, simplificar a cronologia já existente; o segundo, atualizar os personagens da editora para os "dias atuais".
A questão da cronologia, no entanto, era sem dúvidas o ponto mais importante dessa iniciativa. Pois, por mais que retcons - continuidade retroativa, em inglês - e relançamentos fossem relativamente comuns, todos eles, de alguma forma, ainda precisavam lidar com a cronologia da editora.
Para quem não conhece ou não está familiarizado com os quadrinhos de super-heróis, aqui vai uma pequena explicação sobre esse tópico: a cronologia funciona como um histórico do personagem, sendo um fio temporal através no qual suas histórias vão acontecendo. O grande porém com a cronologia, é que, para todos os efeitos, ela é contínua, de modo que todos os eventos que já ocorreram com o personagem, em tese, de fato ocorreram, mesmo que com um distanciamento de décadas entre si. Em particular quando o evento é canônico.
Para entender isso melhor, vamos utilizar um exemplo, certo? E, já que estamos falando do Miles Morales, vamos utilizar o caso do Homem-Aranha.
Desde sua primeira aparição, em Amazing Fantasy #15, em 1962, até os dias de hoje, temos um histórico de 61 anos de histórias. Nesses 61 anos, teremos eventos como A Morte de Gwen Stacy (1973), sua participação nas Guerras Secretas (1984-1985), A Saga do Clone ( 1994-1196), e, para fins de cronologia, todos esses eventos de fato ocorreram, exercendo, ainda hoje, influência na vida do personagem mesmo com mais de 30 anos desde a data de sua publicação.
Por mais que o fator da temporalidade - quando a história foi publicada - possa ser alterado por meio de retcons ou de atualizações na história, o ponto é que, pelas regras da cronologia, aquele evento ainda existe, ficando "preso" à trajetória do personagem.
Ainda que isso traga algumas vantagens, como uma quantidade desproporcional de material sobre o qual trabalhar, também traz uma grande quantidade de problemas, uma vez que, em tese, o roteirista não pode entrar em contradição com histórias que já ocorreram - em tese. Não só isso, a cronologia também gera problemas para os leitores, em especial os novos, uma vez que, para entender uma história atual, é preciso que o mesmo tenha conhecimento prévio do que já aconteceu ao personagem.
Esse segundo tipo de problema já tentou ser resolvido de várias formas pelas editoras, seja através de eventos como o Crise nas Infinitas Terras, da DC Comics, que unificou os multiversos e resetou a cronologia da editora para os anos 1980, seja de modos mais simples, como a presença de páginas de recapitulação/resumo no começo de uma edição, ou mesmo de páginas onde os personagens discutem/apresentam eventos anteriormente ocorridos, geralmente na forma de pensamentos.
Assim, com o intuito de resolver esses problemas de cronologia, oferecendo um bom ponto de entrada para novos leitores, mas sem incorrer na ira dos fãs mais hardcore, e fornecer uma tela em branco para as equipes criativas, foi que Bill Jemas e Joe Quesada encabeçaram a criação da linha Ultimate, mais tarde chamada de Ultimate Comics. E para lançar esse novo universo, o personagem escolhido foi ninguém mais, ninguém menos do que o Amigão da Vizinhança, o Homem-Aranha.
Sendo o personagem mais popular da editora, a decisão de escolhê-lo pode parecer a decisão mais natural a se tomar em um primeiro momento. No entanto, essa popularidade pode atuar também como uma faca de dois gumes, como foi o caso da minissérie Homem-Aranha: Capítulo 1. Lançada em 1998, com roteiro e arte de John Byrne, a série se propunha exatamente a atualizar as aventuras iniciais do personagem, escritas ainda pela dupla Stan Lee e Steve Ditko. Apesar de ter tido um relativo sucesso em termos de vendas, o fato de Byrne mexer diretamente nas histórias originais foi um fator de grande "insatisfação" para alguns fãs, e a tal ponto que a minissérie não só foi deixada de lado após sua conclusão, como também é, até hoje, desconsiderada pela própria Marvel para fins de cronologia.
De fato, pode-se até questionar que a própria repercussão da Capítulo 1 possa estar envolvida na ideia de lançar a linha Ultimate como um universo a parte.
Mas aí já entramos no campo da especulação...
Com os roteiros de Brian Michael Bendis e arte de Mark Bagley, a edição 1 de Ultimate Spider-Man, chegou às bancas em setembro de 2000, com a reimaginação da origem do Homem-Aranha, em um arco que se estenderia pelas próximas 7 edições, estabelecendo não apenas o personagem, como também seu universo e elenco de apoio.
O sucesso da série - que durou um total de 160 edições, sendo encerrada apenas em 2011 - por sua vez, foi a responsável pelo lançamento das demais séries da linha, como Ultimate X-Men (2001), The Ultimates (Os Supremos, 2002) e a Ultimate Fantastic Four (Ultimate Quarteto Fantástico, 2004), dando início ao que seria a Era de Ouro desse universo, que duraria até 2015, mas não sem seus altos, baixos e muito baixos.
A Queda do Universo Ultimate:
Apesar da popularidade inicial de seu lançamento, a linha foi, pouco há pouco, perdendo espaço no circuito dos quadrinhos.Das séries originais, apenas a Ultimate Spider-Man, ainda mantinha sua relevância, apesar de estar perdendo um pouco do seu prestígio inicial. Ainda assim, essa era uma situação bem melhor que as demais séries da linha. De fato, séries como Ultimate X-Men e Ultimate Fantastic Four foram perdendo cada vez mais espaço entre os leitores, não conseguindo manter o hype do lançamento desse novo universo e as caronas oferecidas pelos filmes dos personagens. Até mesmo The Ultimates, a versão da linha dos Vingadores, elogiada em seus dois primeiros volumes - ambos escritos por Mark Millar e ilustrados por Brian Hitch - sofreu uma derrocada com seu volume três, lançado em 2008, e cometido por Jeph Loeb com arte de Joe Madureira.
Uma coisa importante para se saber sobre a indústria dos quadrinhos é que, antes de qualquer coisa, uma indústria. Assim, ela trabalha com números e resultados e, quando esses números não estão satisfatórios...bem, mudanças tem que ser feitas, e às vezes, mudanças drásticas.
Com o intuito de recuperar a atenção para suas revistas, e oferecer um reset para a própria linha Ultimate, Jeph Loeb - sim, ele de novo - foi incumbido de realizar esse processo, cometendo a minissérie Ultimatum ( Ultimato - 2009).Em 5 edições, a minissérie
apresentou um Magneto enfurecido pela morte de seus filhos, a Feiticeira Escarlate e Mercúrio, promove uma série de catástrofes naturais com o intuito de aniquilar de vez a raça humana. Esses ataques, por sua vez, o colocarão em rota de colisão com as equipes do Universo Ultimate, com pesadas baixas para ambos os lados. Nesse banho de sangue, personagens como Wolverine, Professor Xavier, Demolidor, Dr.Estranho, Magneto e vários outros.
Mal recebida tanto pelo público e crítica, Ultimatum ao menos conseguiu realizar aquilo a que fora proposta, realizando uma limpeza no Universo Ultimate, tanto em personagens quanto em equipes, e deixando-o preparado para um processo de renovação.Infelizmente, devido ao modo como foi realizado, e pela quantidade de personagens queridos que se perderam, essa desconstrução pode ter sido um dos motivos que levaram ao fim da própria linha, mas isso já é assunto para uma outra conversa.
Apesar de não estar entre as baixas diretas do evento, não demorou muito para que o Homem-Aranha se juntasse à elas. Diferente das mudanças provocadas por Ultimatum, no entanto, a decisão de mudança na série Ultimate Spider-Man, partiu do próprio Brian Michael Bendis, roteirista que não apenas iniciou, como conduziu a série por mais de 10 anos.
Acreditando que a série havia chegado em um momento em que mudanças se fariam necessárias, o roteirista aproveitou a liberdade fornecida pela linha Ultimate para realizar duas mudanças que, na linha regular da editora, seria impensáveis: a primeira, matar Peter Parker. A segunda, passar o manto do Homem-Aranha para outra pessoa.
Um Novo Homem-Aranha:
Apesar de já ser uma figura bem estabelecida hoje, tendo participado não só de quadrinhos, mas também sendo o protagonista de 2 filmes de animação, é curioso pensar que Miles Morales é um personagem relativamente recente se comparado aos demais medalhões da Marvel.
Tendo sido criado em 2011 pelo roteirista Brian Michael Bendis e a artista Sara Pichelli, Miles é um jovem de 13 anos, filho da enfermeira porto-riquenha Rio Morales e do policial Jefferson Davis. Já nesse primeiro momento, duas características bem interessantes se sobressaem no personagem: a idade e sua ascendência. Nascido no Brooklyn, Miles vem de uma família de origens latinas e afro-americanas, representando duas minorias extremamente importantes na sociedade norte-americana.
Parte do processo por trás da criação do personagem é apresentando no artigo de Abraham Josephine Riesman, no site Vulture, sobre o universo Ultimate, do qual trago um trecho - obviamente traduzido para você ; )
Ele [Bendis] conversava constantemente com colegas sobre como ele poderia consertar o mundo [linha Ultimate] que havia lançado. "Eu diria algo como, 'Ei, o que fizemos certo? O que fizemos errado? O que poderíamos ter feito de um jeito diferente?'' Ele lembra. " Nessas conversas sobre. oque fizemos certo ou errado, nós chegamos a ideia de que Peter Parker poderia ser de uma outra etnia. De que, se analisássemos a origem do personagem, não haveria motivos pelos quais ele não poderia ser negro. Na verdade, talvez isso fizesse mais sentido.
Ele logo ficou fascinado com a questão racial atrelada ao arquétipo do Homem-Aranha. Se um adolescente de classe média morasse no interior do Queens em 1962, ele certamente seria branco. Mas nos subúrbios da Nova York multiétnica de 2011? Estatisticamente falando, ele certamente seria negro.
Não só isso, os anos de 2010 foram um período de avanços no sentido da representação de minorias na mídias, e os quadrinhos, como produto extremamente sensível ao meio cultural, não ficaram para trás, apresentando personagens como Kamala Khan, por exemplo, e o próprio Miles. No caso do novo Homem-Aranha, o cenário cultural do momento era também extremamente propício para o seu surgimento, uma vez que corria ainda no primeiro mandato do presidente Barack Obama, como também, em 2010, houve toda a campanha para a escolha do ator Donald Glover para encarnar a nova versão do Amigão da Vizinhança, planejada pela Sony e que terminou virando a franquia O Espetacular Homem-Aranha, com Andrew Garfield.
Na verdade, foi a campanha pró-Glover, que chamou a atenção do roteirista Brian Michael Bendis, que, a isso, somou seus próprios questionamentos acerca da representação do Homem-Aranha e o status da linha Ultimate.
Ainda que a ideia de matar mais um personagem após um banho de sangue como Ultimato possa parecer inócua, visto que o público já se encontraria dessensibilizado, a equipe composta por Bendis, Mark Bagley, Andy Lanning, Justin Ponsor e Cory Petiti tomou o cuidado de dar a história todo um senso de significado e propósito, evitando, dessa forma, apresentar mais uma experiência vazia para o leitor.
E foi assim que, após uma última batalha contra o Duende Verde, o Homem-Aranha morre nos braços de seus entes queridos, tendo conseguido proteger sua Tia May. Mais do que apenas fechar o ciclo narrativo do personagem, garantindo ao mesmo uma redenção - visto que toda a motivação do personagem se encontra atrelada ao fato do mesmo não ter salvo seu tio - a morte de Peter Parker também foi planejada para causar um outro efeito: transformá-lo no modelo, ou no Tio Ben, de um novo personagem.
E esse personagem, foi o novo Homem-Aranha do Universo Ultimate, também conhecido como Miles Morales - que, de tão popular, foi posteriormente transferido para o universo regular da Marvel quando a linha Ultimate foi oficialmente extinta. Mas esse vai ser um tópico para um outro momento.
Enquanto isso, vamos falar sobre a primeira história do Miles.
"Quem é Miles Morales?" - A História:
Aparecendo pela primeira vez na edição 4 da revista Ultimate Comics: Fallout (2011), Miles Morales , surge em uma história curta - não mais de 4 páginas. A princípio a aparição desse novo - e menor - Homem-Aranha é tratada como um mistério visto que Peter Parker já estava morto.
Intervindo em um assaltado promovido pelo supervilão Canguru (sim, esse personagem realmente existe) vemos, à medida em que a luta se desenrola, o quão inexperiente é essa nova versão do Escalador de Paredes. Primeiro, além de desengonçado, esse novo Homem-Aranha parece não só não conhecer toda a extensão de seus poderes, como sequer estar plenamente consciente dos poderes que tem, não entendendo o funcionamento do seu sentido de aranha, por exemplo. Mas mais do que isso, essa nova versão traz consigo também um novo poder, que surge como uma espécie de "descarga elétrica".
Vencendo a batalha pelo que parece ser pura sorte, o novo Homem-Aranha deixa a cena do crime, escalando um prédio próximo e, parando para respirar e revela pela primeira vez, o rosto.
A história do personagem, assim como seu nome, só serão revelados na sua próxima aparição, em Ultimate Comics: Spider-Man #1 (2011). Nessa edição, descobrimos que o nome do jovem em questão é Miles Morales, e que o mesmo conseguiu seus poderes por meio de outra aranha radioativa desenvolvida pela Oscorp.
A aranha em questão se encontrava em um dos laboratórios abandonados da empresa, que, durante um saque promovido pelo Gatuno - que mais tarde será revelado como sendo o tio de Miles - conseguiu se infiltrar no interior da bolsa de saque do vilão, sendo contrabandeada para fora das instalações de pesquisa.
É também aqui que somos apresentados a Miles Morales, um jovem afro-americano de ascendência latina, que se encontra, com seus pais, participando de um sorteio de vagas para uma prestigiada escola do Brooklyn. Obtendo a última vaga do sorteio, o jovem de 13 anos corre até a casa do seu tio para conter a novidade, e é, quando os dois vão comemorar o acontecido que Miles é mordido pela aranha, ficando insconsciente.
Quando acorda, ele vê seu tio, preocupado, havia chamado seu pai pra ajudar com o garoto. O relacionamento dos dois, porém, está longe de ser amigável, de modo que, tão logo Miles acorda, os dois iniciam uma discussão, que faz com que o garoto fuja. Preocupado, seu pai corre atrás dele, mas não o encontra, uma vez que o garoto se tornou invisível - sendo esse um dos poderes que ele conseguiu da aranha.
Ultimate Comics: Spider-Man #2 continua de onde a edição anterior parou, com Miles correndo em pânico para encontrar ajuda, e descobrindo, ao longo do caminho, novos poderes. Quando chega na casa de seu amigo, Ganke o garoto mostra seus poderes, temendo ser um mutante, apesar da empolgação de seu colega. Sua conversa, no entanto, não dura muito, uma vez que o pai de Miles aparece para levar o garoto de volta para casa.
No caminho, os dois conversam, e, na tentativa de criar uma conexão maior com seu filho, o pai de Miles revelando ao seu filho não só que seu tio, Aaron Davis é um ladrão, como também que eles já trabalharam juntos, tendo, inclusive, sido presos. Nesse momento, Miles está prestes a falar sobre o que aconteceu quando é interrompido pela aparição do Homem de Gelo e o Tocha Humana , o que faz seu pai manifestar suas opiniões acerca dos mutantes, o que faz o garoto mudar de ideia. No meio da noite, Ganke consegue a resposta de Miles, informando que o garoto não é um mutante, mas antes, que ganhou seus poderes como o próprio Homem-Aranha.
Esse dilema, por sua vez, segue até Ultimate Comics: Spider-Man #3, quando, sob a insistência de Ganke, Miles decide visitar seu tio para descobrir mais sobre a aranha que o mordeu. No entanto, ao chegar no local, ele descobre que seu tio sumiu sem deixar vestígios. Na volta, um incêndio faz com que Ganke convença Miles a usar seus poderes para o bem, salvando uma família de um prédio em chamas. A experiência, no entanto, é traumática, fazendo com que o novo Homem-Aranha desista de usar a máscara, se concentrando na sua vida escolar. Tudo muda quando, em uma determinada noite, os garotos são acordados e levados para o ginásio como parte dos procedimentos de evacuação diante da ocorrência de atividades super-humanas. É então que os jovens descobrem sobre o confronto que será o último da vida de Peter Parker.
Ultimate Comics: Spider-Man #4, acompanhamos os impactos da batalha final entre o Homem-Aranha original e o Duende Verde pelos olhos de Miles. Testemunhando a morte e o funeral de Peter, Miles repensa sua decisão, e, se culpando por não ter conseguido ajudar o herói, retoma o manto do mesmo, atuando no combate ao crime em Nova York e aprendendo a utilizar seus poderes. E é em uma dessas patrulhas que ele é interceptado por Jessica Drew, a Mulher-Aranha.
Furiosa com a ideia de um imitador, e um que está usando a mesma roupa de Peter, Jessica aborda e interroga Miles em Ultimate Comics: Spider-Man #5. Em pânico, o garoto consegue se auto nocautear, sendo levado ao Triskelion, base dos Supremos, onde é interrogado por Nick Fury e por alguns membros da equipe, curiosos com o aparecimento desse novo Homem-Aranha. É no meio desse interrogatório que Electro, estando sob custódia da equipe, escapa, atacando o prédio e buscando vingança contra Fury, derrubando cada um dos heróis ali reunidos.
Apesar de ter recebido ordens para fugir, Miles se recusa e, vestindo novamente o traje, combate Electro, utilizando todos os poderes à sua disposição. Derrotando Electro, o garoto passa por sua prova de fogo, sendo aceito como um super-herói, como apresentando por Jessica Drew, que entregue para ele um uniforme à pedido do próprio Nick Fury.
"Quem é Miles Morales?" - A Resenha:
Então, uma vez que estamos resenhando uma história bem curta, infelizmente, a resenha será também um pouco mais curta do que de costume.
Mas não vamos deixar isso atrapalhar nossa diversão = )
Sendo a primeira história do novo Homem-Aranha, "Quem é Miles Morales?" funciona como uma boa introdução ao personagem e seu mundo, estabelecendo tanto seu elenco de apoio quanto suas dinâmicas, mas, infelizmente, não faz muito mais que isso. Não que isso seja de algo de todo surpreendente.
Uma vez que se trata do lançamento de uma nova versão do personagem que é, para todos os efeitos, a cara da Marvel, e ainda mais em um contexto tão traumático como o da linha Ultimate, é até natural que o foco de Bendis tenha sido em se concentrar em apresentar uma história do modo mais simples e direto possível, fundamentando bem o personagem para poder melhor explorá-lo no futuro.
Fazendo jus ao legado do Homem-Aranha, o roteirista estabelece, já nessas primeiras edições, ótimos ganchos em termos de relacionamentos - Miles e seu pai, Miles e Ganke, Miles e seu tio - que serão explorados e expandidos em histórias futuras, e que moldarão a dinâmica do personagem. Não só isso, Bendis, o distingue bem de Peter através do próprio recorte etário - afinal, Miles tem apenas 13 anos de idade. - sendo reforçado nesse sentido pela arte de Sara Pichelli, que cria, com seu traço, uma arte que dá ao arco um ar não necessariamente infantil, mas bem mais jovem do que a até então presente no título do Ultimate Spider-Man.
Outro ponto curioso está no ritmo da história, bem mais ágil do que a própria história de origem de Peter no Universo Ultimate, proporcionando uma história bem mais rápida. Infelizmente, isso funciona como uma espada de dois gumes, pois, ainda que sirva para estabelecer a perspectiva diferente de tempo de um jovem de 13 anos e ofereça uma leitura rápida, essa decisão afeta o desenvolvimento dos personagens, impedindo que as dinâmicas, e os próprios personagens, possam ir se aprofundando, o que não permite ao leitor conhecê-los muito bem. No caso de personagens que já são conhecidos de outros lugares, isso não chega a ser um problema, mas, para um recém-chegado, a situação se torna um pouco mais complexa, e os personagens, vagos.
Obviamente, uma vez que se trata de uma história introdutória, esse fator não é necessariamente um pecado mortal, uma vez que a própria função da história é justamente introduzir esses personagens. Ainda assim, para que o leitor possa continuar a ler, é preciso que haja ao menos um pouco de substância que o prenda, do contrário, é bem provável que ele não retorne para uma próxima leitura.
Por fim, não sei se foi por conta do ritmo da leitura, mas há algo nos diálogos de Bendis, particularmente entre Miles e Ganke, e, depois, entre Miles e Os Supremos, que não caem muito bem. De fato, em certos momentos, eles parecem um pouco rígidos, quase como se construídos em torno de uma piada pronta, sendo apenas a escada para sua realização. Isso quando não parecem haver conversas paralelas dentro de uma mesma conversa.
Particularmente, talvez possa ser um estranho pessoal devido ao ritmo acelerado da história, mas, ainda assim, é algo para se levar em conta.
Apesar disso, "Quem é Miles Morales?" é uma boa leitura, sendo uma introdução bem competente para um novo personagem.
Pensamentos Finais:
Bem, por hoje é só.
No próximo post, que ainda não sei qual será, pretendo falar um pouco mais sobre narrativa, mas ainda não sei bem qual o tema.
Fiquem ligados no Instagram que irei liberar alguns temas que poderei trabalhar no futuro, de modo que, se quiserem escolher algum, ou dar sugestões, vocês podem fazer tanto por lá, quanto por meio da lista de emails do site.
Referências:
Para fazer este post, utilizei algumas fontes, em particular os vídeos ensaios do canal Owen Likes Comics, em particular sua série sobre a linha Ultimate, que você pode conferir aqui:
A História da linha Ultimate:
A História por trás de Ultimatum:
O Fim da linha Ultimate:
História do Homem-Aranha na linha Ultimate:
Fora ele, me baseei em uma entrevista com o Brian Michael Bendis, que você pode conferir abaixo:
Entrevista com Brian Michael Bendis:
Por fim, para quem quiser conferir o artigo de Abraham Josephine Riesman na íntegra e em inglês - que foi uma indicação em um dos vídeos do OLC, é só seguir este link:
The Secret History of Ultimate Marvel, the Experiment That Changed Superheroes Forever:
Bem, por hoje é só e até o próximo post!
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