Lançamento: Creepypastas 1.1 + entrevista com Mário Bentes, CEO da Lendari
- Lucas Freitas
- 24 de mar.
- 7 min de leitura
Na comemoração de seus 10 anos, um título clássico da Lendari volta de cara nova - Creepypastas 1.1, que reúne histórias baseadas nas lendas que povoam a internet.

Certo, certo. Sei o que você está pensando: "Mas Lucas, o Creppypastas 1.1" não é a resenha que você tinha prometido. Bem, sei que não é. Mas calma que já vou explicar o que houve.
Por motivos de força maior - trabalho - cof - - cof - - estou um tanto enrolado com uma série de demandas, o que termina ocasionando uma demora maior nas publicações por aqui. Mas não se preocupem que logo estarei retornando com a regularidade dos posts.
Assim, logo mais, teremos não só nossa resenha do volume 1 de Mushishi, como também uma resenha de Akane Banashi. Mas vamos por partes, sim?
Hoje, estou passando para anunciar que a antologia Creepypastas 1.1, já se encontra disponível na Amazon. A antologia, uma repaginação de uma antologia clássica do grupo, foi uma das iniciativas da Lendari Entertainment para comemorar seus 10 anos de existência.
Mas, além da antologia em si, também trago uma entrevista super especial com o Mário Bentes, que falou um pouco sobre sua carreira, a trajetória do grupo e a iniciativa da Creepypastas 1.1.
E, para te ajudar a se guiar pelo post de hoje, segue o sumário do dia:
Agora, que tal começarmos pela entrevista?
Entrevista com Mário Bentes - CEO da Lendari e um dos organizadores da antologia Creepypastas 1.1:

1) Então, antes de começarmos com as perguntas propriamente ditas, você poderia falar um pouco sobre você? Quem é o Mário, qual a história dele e como ele chegou até aqui?
Sou jornalista e escritor. Talvez uma amálgama das duas coisas. Sou uma criança dos anos 80 do milênio passado com pouco acesso a livros, mas que tive a sorte de ter acesso a bibliotecas, ainda que pequenas, na escola pública. Devorei tudo o que pude e, quando conheci uma escritora chamada Marina Colasanti*, decidi que precisava escrever. E tenho feito isso, há muitos anos: como jornalista, desde 2006; como escritor, desde 2010. Talvez minha última linha seja meu epitáfio.
* [ Nota: Marina Colasanti (1937-2025), foi uma escritora, contista, jornalista, tradutora e artista plástica ítalo-brasileira. Nascida em Asmara, se mudou par ao Brasil em 1948. Bastante conhecida por suas obras voltadas para o público infantil, recebeu uma série de prêmios Jabutis pelo seu trabalho nessa área. Não só isso, foi a primeira mulher a receber o prêmio Machado de Assis, em 2023. ]
2) Além de editor-chefe e CEO da Lendari, você também é escritor. Como é conciliar essas atividades? E até que ponto você acredita que uma atividade complementa a outra?
Já foi mais difícil conciliar, embora ainda seja. Mas aprendi a separar meu tempo como escritor, produzir coisas para meu legado, ao mesmo tempo em que alimento os projetos da Lendari. Antes, eu me sentia sabotado pela minha própria editora, pois estava sempre enfurnado sobre as obras alheias e nunca sobre as minhas. Hoje as duas coisas andam juntas, até porque a Lendari já caminha sozinha.
3) Sobre a Lendari, como surgiu a ideia de criar a editora?
Na prática, foi durante a minha primeira Bienal como autor, em 2016. Na teoria, a ideia vinha ganhando corpo desde 2012, quando morei em Brasília, trabalhando como jornalista, e fazia ponte aérea BSB-GRU para fazer cursos sobre o mercado editorial. Mas decidi implementar quando tive a oportunidade de ter meu pequeno estande de autor independente, em São Paulo, em 2016. As editoras, os estandes, os títulos. Tudo ali serviu de suporte e referência, de alguma forma.
4) Desde o princípio, a Lendari foi uma editora voltada para a literatura fantástica, trazendo obras de terror, fantasia e ficção científica. Qual a sua relação com o gênero? Quais autores e livros mais te influenciaram?
Marina Colasanti, minha principal referência da infância, escrevia uma espécie de fantasia com realismo fantástico. Isso criou uma raiz profunda. Gostei tanto daquele conceito que passei a tê-lo como base e pedra fundamental. Depois tive acesso a outros livros, uns mais juvenis outros mais maduros. Mais tarde, Gabriel García Marquez, com seu "Cem Anos de Solidão", deu contornos ainda mais complexos ao que entendo como realismo mágico - minha principal referência.
5) Recentemente, a Lendari tem passado por uma série de mudanças. Passou a publicar seus materiais também em inglês, virou a Lendari Entertainment, adquiriu os direitos comerciais dos Smurfs e vem criando um braço também na área de eventos. O que motivou esse processo de transformação na editora e como ele tem sido?
É parte de um processo que vem ocorrendo aos poucos, mas que segue um roteiro planejado desde o começo. A Lendari não se intitula "editora", em seu branding e voz, apesar de sê-las; mas sempre nos entendemos como uma marca de entretenimento e queremos ser mais que uma editora. Para nós, uma história não pode e não deve ser limitada a um livro: aqui, temos apenas uma versão da embalagem de uma história. Queremos histórias em outras mídias, animações, filmes e séries. Por isso investimos em traduções para o inglês e presença internacional. Porque queremos mais.
6) Dentre as mudnças desse processo, tivemos a comemoração dos 10 anos da editora com o relançamento de algumas das antologias clássicas, como a Creepypastas, em um novo formato. Como surgiu essa ideia e como foi o processo de selecionar quais antologias seriam lançadas?
As chamadas "coletâneas clássicas" criaram um antes e depois da Lendari. Algumas delas nos levaram a outro patamar. Muitos autores iniciaram sua trajetória literária nestes projetos e é ótimo ainda vê-los por aí**, publicando seus próprios livros e organizando outras coletâneas em outras editoras. Não poderíamos deixar de homenagear uma época tão importante para nós. Por isso optamos pelas mais marcantes de todas. As que tiveram mais sucesso de público e crítica.
** [Nota: Então, isso aqui é mais uma curiosidade mesmo. Mas meu segundo conto publicado foi justamente no volume 2 da "Creepypastas: lendas da internet". Eu já contei um pouco mais desssa história lá no meu Instagram. ]
7) Qual você considera que foi o impacto da antologia "Creepypastas" na trajetória da Lendari?
"Creepypastas: lendas da internet", sem dúvida, é a mais importante das coletâneas clássicas. Trata-se de um tema muito popular na internet dos anos 90, mas, quando lançamos o projeto, havia pouquíssimas obras abordando o tema. Hoje, graças a nós, há dezenas de projetos similares, até mesmo algumas imitações. Mas é curioso que, quando lançamos a coletânea, tivemos até que explicar o conceito, pois muitos autores não faziam ideia do que se tratava. Então, sim, considero um dos projetos mais importantes da história da Lendari.
8) Na sua opinião, de onde vem o apelo por trás das creepypastas?
A fama veio, principalmente, por conta de uma creepypasta famosa, que muita gente conhece mas nem associa a uma creepypasta. Slenderman atravessou as salas de bate-papo HTML para as telas do cinema, popularizando ainda mais o conceito.
9) Já que estamos falando sobre creepypastas, você teria alguma que seria sua favorita?
Todas que envolvem jogos amaldiçoados e versões obscuras de animações, como a do Mickey Mouse, Bob Esponja e afins.
10) Sei que alguns projetos não podem ser comentados por motivos de sigilo e de contrato, mas você poderia nos dar um pequeno spoiler do que podemos esperar da Lendari para 2025?
Além de um longo calendário de coletâneas e novas franquias, temos alguns bons livrões de fantasia. E muitas franquias da própria Lendari: isto é, projetos criados pelos editores que podem, no futuro, ser trabalhados por autores convidados. Algo como fazem a Marvel e a DC.
11) Então, para encerrarmos a entrevista eu sempre faço essa pergunta: que conselho ou dica você daria para quem está começando hoje a escrever ou entrando no mercado editorial?
Parece bobagem, mas tem autor que acha que não precisa ler. Ler pouco é escrever mal. Hoje há milhares de fontes gratuitas e técnicas de escrita disponíveis, mas nada tem muito valor se você não tiver um arcabouço vocabular e de construção. E um pouco de entendimento de vidas humanas. Criar personagens é como brincar de deus, então para criar vidas de verdade é preciso saber como um ser humano pensa, e isso é bem difícil. Ler, ler muito, escrever, reescrever e escrever de novo. E repete outra vez.
Sobre a coletânea Creepypastas 1.1:
Agora, vamos falar um pouco da antologia Creepypastas 1.1, sim?
Nesta antologia, organizada pelo Mário Bentes e pelo Rodrigo Ortiz Vinholo, temos uma repaginada de um dos clássicos da Lendari, a antologia Creepypastas - Lendas da Internet, que você pode conhecer mais na entrevista acima.
Nesta edição comemorativa de 10 anos da Lendari, temos contos das 3 edições anteriores, assim como produções novas que existem apenas nesta edição. Aqui, participo com o conto História de Acampamento, que apresenta uma criatura bem curiosa no meio das creepypastas. Qual? Ora, isso fica para você descobrir.
Abaixo, você pode conferir uma sinopse da antologia:

Creepypastas mergulha nos fóruns e salas de bate-papo dos anos 90, onde lendas urbanas e histórias macabras ganharam vida. Reunindo clássicos da trilogia original com novas histórias aterrorizantes, esta coleção revela como a internet deu nova vida às lendas sobre fantasmas, jogos eletrônicos amaldiçoados e outros mistérios obscuros. Prepare-se para mergulhar no mundo sombrio da web primordial.
Você pode adquirir seu ebook - e ainda dar aquela força pelo autor, ao adquirir a antologia diretamente pelo link abaixo:
Link da Amazon para a antologia Creepypastas 1.1
Bem, e por hoje é só, pessoal!
E fiquem atentos que logo mais retorno com mais coisas por aqui ; )
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