No segundo Giro do Catarse deste mês, falamos um pouco sobre Eles Vivem, novo projeto da editora Diário Macabro, com direito a uma entrevista exclusiva com a Nathalia Sorgon Scotuzzi, uma das fundadoras e editora da Diário Macabro.
Retomando com nossos Giros do Catarse, trago aqui outro projeto bem interessante, de outra velha conhecida, a Diário Macabro.
O projeto de hoje é o livro Eles Vivem: contos de ficção científica, do escritor norte-americano Ray Nelson (1931-2022) e que se encontra na reta final do período de captação de apoio.
Ainda que seja um nome um tanto quanto desconhecido aqui no Brasil, o mesmo não pode ser dito sobre sua obra - pelo menos se você for fã de cinema. Pois é a partir de um contos deste livro, o "Oito horas da manhã", que John Carpenter realizou o filme Eles Vivem (They Live,1988), sendo este projeto mais um lançamento na série de livros que inspiraram filmes do diretor, que já conta com O enigma de outro mundo, de John W. Campbell e A cidade dos amaldiçoados, de John Whyndam.
Abaixo, você pode conferir uma breve apresentação do projeto:
Em 2024 chega ao Brasil, de forma inédita, o trabalho do escritor norte-americano Ray Nelson! Você pode não conhecer seu nome, mas provavelmente conhece sua obra: o conto “Oito horas da manhã” é a história na qual John Carpenter se baseou para produzir o filme Eles Vivem, de 1988! Depois de anos de tentativas e negociações a respeito dos direitos autorais, a Diário Macabro traz esta obra de forma exclusiva ao país.
Após termos publicado O enigma de outro mundo, de John W. Campbell e A cidade dos amaldiçoados, de John Whyndam, livros que inspiraram filmes clássicos do diretor, chega, agora, mais um livro para esta coleção.
Eles vivem: contos de ficção científica reúne cinco histórias do autor cujos temas variam entre a invasão alienígena, o desbravamento de outros planetas e até mesmo questionamentos políticos em uma distopia que foi indicada ao Prêmio Hugo de fantasia e ficção científica.
Dentre os conteúdos do livro, temos:
Desligue o céu (1963);
Oito horas da manhã (1963);
Viagem no tempo para pessoas ordinárias (1972);
Comida (1965);
Quem é a Rainha Vermelha? (1976);
Não só isso, o livro contará também com texto de contra capa assinado pelo próprio John Carpenter!
E se você ficou curioso para conhecer mais da obra de Nelson, o canal Explorando Segredos & Mistérios preparou uma narração do conto Comida, que você pode conferir na íntegra abaixo:
Para saber mais sobre o projeto, você pode visitar a página oficial do mesmo no Catarse:
Eles Vivem - Link do Catarse
Lembrando que faltam 6 dias , a partir da publicação deste post, para o fim da campanha do mesmo no Catarse, então corre lá para garantir o seu exemplar!
Agora, o que você me diz de conhecer um pouco mais sobre a própria Diário Macabro? Para isso, você pode conferir essa entrevista especial com o Nathalia Sorgon Scotuzzi, co-fundadora e editora da DM, onde falamos um pouco sobre a a trajetória da editora e de seus projetos:
1. Então, antes de começarmos com as perguntas propriamente ditas, você
poderia falar um pouco sobre você? Quem é a Nathália, qual a história dela e
como ela chegou até aqui?
Vamos lá! Sou a Nathalia, tenho 34 anos e moro em Rio Claro, São Paulo.
Sou formada em História, com mestrado e doutorado em Estudos Literários.
Trabalho, além da editora e da vida acadêmica, com relatórios de
sustentabilidade, em uma empresa chamada Report. Gosto muito de cantar e
tenho uma banda desde 2018, chamada Deep Divers. Como você pode
perceber, gosto de fazer muitas coisas, e por isso não sou 10 em nada, mas 8
em muitas coisas! haha
2. Sobre a Diário Macabro, como veio a ideia de revista e da editora?
Fundei junto ao Pedro Andrade a Diário Macabro em 2016. Ela nasceu com
a Revista Diário Macabro n. 01, um projeto totalmente experimental que no fim
das contas deu muito certo. Foi uma ideia do Pedro, que era cheio de projetos,
que achei bastante plausível, pois poderíamos juntar nossos talentos para
produzi-la: meus estudos em Literatura e os dele, em Artes. Assim, desde
então, cuido de toda a parte editorial da editora, e ele, da gráfica.
Para essa primeira revista, aceitamos contos de amigos e conhecidos, e
lançamos nossa primeira campanha de financiamento coletivo. Agora, já são
quase 30 campanhas lançadas e quase 40 livros publicados!
3. Além de seu trabalho como editora, você também tem uma produção
acadêmica de peso voltada para o horror e a obra lovecraftiana. Como se deu
seu contato com essa temática e como você vê o papel da academia na sua
vida como editora?
Eu ouvia falar bastante no nome de Lovecraft, mas, apesar de já ter lido
vários clássicos, não havia lido ele ainda. Isso foi em 2011 ou 2012. Certo dia,
fui em uma livraria aqui da minha cidade e comprei o livro que eles tinham em
estoque: O caso de Charles Dexter Ward. Foi amor à primeira vista, tanto que
acabei tendo vontade de estudar o autor academicamente! Ele estava
começando a ficar conhecido no Brasil, e a produção acadêmica ainda era bem
escassa, então acho que peguei uma boa fase! No meu mestrado, estudei o
papel da Ciência em sua obra, e no doutorado, estudei o terror cósmico de
forma mais geral. Minha dissertação está disponível em nossa loja virtual (foi
lançada como livro) e ainda esse ano faremos o financiamento do livro com a
minha tese!
4. Então, além da publicação da revista, a Diário Macabro possui também
uma série de projetos e linhas editoriais, como no caso da série de livros que
inspiraram filmes de John Carpenter. Mas antes de falarmos sobre eles, você
poderia nos falar um pouco mais sobre os projetos e publicações da editora?
Claro! Nossas linhas de frente são as antologias, tanto as de tema aberto,
como a Revista, quanto as temáticas, como nossa coleção de Dossiês
Macabros, e as traduções de obras ou inéditas, ou esgotadas há muito tempo
no Brasil. Além disso, publicamos ocasionalmente livros acadêmicos, HQs e
livros infantojuvenis (tem um de minha autoria que vai sair logo mais!).
5. Agora, sobre a série de livros que viraram filmes de Carpenter, acho que
a primeira pergunta que tenho seria, por que começar justamente com John
Carpenter?
Aqui na editora nós somos fãs de Carteirinha do Carpenter, então nossos
projetos são realmente pessoais por aqui rs. Nós amamos os filmes, e vimos
nisso a oportunidade de trazer esses livros tão legais e ainda inéditos para o
Brasil! Sabemos que por aqui existem muitos outros fãs deles também, por isso
as campanhas têm sido todas um sucesso.
6. Como surgiu a ideia de trazer para o Brasil os livros que inspiraram os
filmes? Você poderia falar um pouco sobre a coleção em si?
Quando decidimos expandir nossas produções para além da Revista, nosso
primeiro desejo era publicar a obra que inspirou o filme O enigma de outro
mundo. O conto “Who goes there?” já era familiar a nós, mas justamente
quando fui buscar as informações a respeito dos direitos autorais, descobri que
a versão estendida do conto acabara de ser financiada nos Estados Unidos,
então o livro estava em voga. Algumas pessoas daqui haviam acompanhado
essa campanha, então ficaram bem felizes de trazermos o livro logo em
seguida. A negociação dos direitos autorais foi um pouco difícil, o contato com
a agência é bem ruim, mas no fim deu certo.
Com o sucesso desse livro, fomos atrás de outras obras que inspiraram
Carpenter. Em 2021 publicamos A cidade dos amaldiçoados, que também
adquirimos os direitos autorais — dessa vez com muita tranquilidade — e
agora Eles Vivem, depois de 4 anos tentando adquirir os direitos. Estamos
fazendo de tudo para conseguir os direitos agora do livro que inspirou o filme
Vampiros, então torçam por nós!
7. Dos livros da série já disponíveis, qual você acredita que representou um
desafio maior para a editora até o momento?
Acho que um dos maiores desafios, de forma geral, foi a aquisição dos
direitos autorais, como mencionado acima... que processinho chato! Outro
desafio, que não posso deixar de mencionar, foi em relação á meta do Catarse
de Eles Vivem. Foi a maior meta de todos os tempos para nós, e quando
finalizei o orçamento, fiquei levemente apavorada rs. Nos últimos anos, os
valores de praticamente tudo o que utilizamos subiu MUITO, como as gráficas,
brindes, caixas de papelão, etc. A meta para produzir esse livro atual é
praticamente o dobro do valor das campanhas anteriores, para um livro com
praticamente as mesmas configurações!
8. Recentemente, teve início o período de apoio do “Eles Vivem”, novo livro
da série, você poderia nos falar um pouco sobre o livro e seu autor?
Ray Nelson, infelizmente, é bem pouco conhecido, não só no Brasil, como lá
fora também. Como não foi um autor que focou apenas na carreira de escritor,
sendo também professor de escrita, ilustrador, entre outras coisas, acabou não
criando uma marca tão profunda na ficção científica. Apesar dessa presença
não tão marcante em termos de volume de produção, a qualidade dos seus
contos é excepcional! Não é à toa que Carpenter quis fazer um filme sobre um
de suas histórias.
O livro conta com 5 contos de Nelson (2 deles, na verdade, são noveletas,
textos mais extensos), prefácio, curiosidades e, possivelmente, se batermos
105% e 115% da meta, respectivamente, ilustrações, além de um posfácio
sobre o filme.
9. Então, encerrarmos a entrevista: que conselho ou dica você daria para
quem está começando hoje a escrever ou entrando no mercado editorial?
Conheça o mercado do Brasil, se familiarize com as editoras que publicam o
que você escreve, crie uma rede com outros autores e participe de editais. No
Brasil, o trabalho de escritor, infelizmente, não é tão valorizado e não possui
um plano de carreira muito palpável, por isso acabamos tendo que, além de
escrever, trabalhar no nosso marketing pessoal para que as pessoas
conheçam nossas histórias. Na Diário Macabro, criamos uma rede com nossos
autores que é muito legal! Lá, eles trocam experiências, dicas, leem uns aos
outros, ajudam uns aos outros, é muito legal acompanhar e participar de tudo
isso! Na última Poc Con, uma feira de quadrinhos e livros focada no público
LGBTQIAP+ que acontece em São Paulo, fizemos o lançamento da antologia
LGBTerror com uma sessão de autógrafos e foi incrível! Disseram que eu
parecia uma mãezona coruja, orgulhosa das crias rs. Não nego!
Para saber mais sobre a editora Diário Macabro, você pode visitar a página da mesma em:
Site Diário Macabro
Um outro projeto bem interessante da editora, é o Covil Macabro. Nesse clube de assinatura mensal, além de ter acesso a um conto novo todo mês, você também ganha uma série de outros bônus, que você pode conferir com mais detalhes abaixo:
Assinatura Covil Macabro
E por hoje é só, pessoal!
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